DESAFIO: 1 mês sem açucar

Adentramos 2014 profundo, enquanto mais um outono se vai, como as folhas que se debruçam por ai. E por aqui, maio inicia com novos projetos e intenções, dentro e fora de casa. Um deles é um desafio instigante que irei participar! Encontrei em alguns instagrams durante o período da Páscoa e coincidentemente ontem a @gabrielapugliesi postou uma campanha com a hashtag #1mêssemaçucar. Tem haver com esse produto que mobilizou pessoas e nações durante séculos, criando rotas, sistemas de produção e trazendo novos sabores às mais diversas culturas culinárias. Estamos falando nada mais nada menos que do açúcar e seus híbridos, minha gente. 30 dias sem essa gostosura.


UMA BREVE REFLEXÃO SOBRE O AÇÚCAR

Resolvi pesquisar mais sobre o açúcar. Como surgiu, quais são suas variáveis, problemáticas químicas e efeitos no corpo humano. Foi na atual Nova Guiné em que se supõe que a cana de açúcar ela tenha sido cultivada pela primeira vez. E teriam sido os indianos o primeiro povo a extrair o suco da cana e a produzir, pela primeira vez, o açúcar bruto por volta do ano quinhentos antes de Cristo. Não é por acaso que seu nome é originário do sânscrito 'çarkara', que significa 'grão' e do qual vai derivar o nosso açúca', 'sukkar' para os árabes, 'saccharum' em latim, 'zucchero' em italiano, 'seker' para os turcos, 'zucker' para  os alemães, 'sugar' em inglês, 'sucre' em francês e 'azúcar' em espanhol. Há indícios que a sacarose era extraida do mel pelos persas, técnica super simples que ensinaram por intercâmbios culturais aos egípcios e árabes, criando rotas de açucar na ásia e áfrica, logo absorvida pelos chineses, incrementando a economia da época. Nesses tempos, era considerado artigo de luxo nas sociedades. Chá com açúcar? Que phyno! Coisa de gente nobre, da cozinha dos castelos e das festividades dos haréns!
Mas há outras formas de obter o açúcar, como da beterraba, técnica que foi estimulada pelo famoso Napoleão da França, para boicotar o açúcar comercializado pelos britânicos produzido nas nossas terras, América. E foi alguns séculos antes, justamente com a “descoberta” do Novo Mundo, por volta de XVI, que houve o “boom” do açúcar na gastronomia mundial, sendo distribuido pelas vias marítimas para várias novas e velhas nações. O açúcar, assim, fez parte da construção da economia mundial que vemos hoje, e o Brasil teve papel importante nisso. Movimentou toda estrutura de sua sociedade durante bons anos em função do pó branco, principalmente no nordeste (Pernambuco) com uma economia açucareira que cruzava o atlântico: era engenho pra tudo que é lado.
Só que antes disso, nossos ancestrais (e nem precisamos ir para a época das cavernas!) consumiam apenas os açucares das frutas e ocasionalmente do mel. Inclusive o açúcar tá na constituição do nosso DNA, ou seja, sem o seu consumo durante milhares de anos, o ser humano não seria do jeito que é hoje. Mesmo sendo importante, a “overdose” do seu consumo é algo extremamente novo para a história humana, entre 300 a 500 anos, vamos dizer, e tem haver com toda essa construção de uma economia, estreitamento de laços mundiais e produção dos industrializados. Depois do boom do açúcar na gastronomia veio o boom das indústrias com Revolução Industrial - no século XIX surgiram as grandes cias do chocolate (mas que delícia!), das balas, dos docinhos e no século XX a indústria avança nas produções dos refrigerantes (oh!), das bolachas recheadas (ui!), dos cereais matinais (nossa!) e quem não lembra da moça Nestlé do Leite Condensado (de comer puro ajoelhado!).



O que aconteceu, portanto, é que o consumo de açúcar triplicou nos últimos 50 anos ao redor do mundo. Quando visualizamos a trajetória histórica do produto, percebemos que é de fato muito recente. Somos cobaias de uma indústria que insere pó branco das mais diversificadas formas nos alimentos. Pra vocês terem noção, o pó tá tão incrustado na constituição do nosso sistema alimentar, que praticamente TODOS os produtos possuem a belezinha do açúcar. Porque? Justamente por ser delicioso. Por ativar sensores e sistema químico do nosso corpo que geram uma espécie de vício. Os engenheiros alimentares buscam isso. Criam fórmulas derivadas do açúcar para tornar os alimentos viciantes.

OS AÇUCARES FARMACÊUTICOS
Para completar, nos anos 70 cientistas japoneses criaram uma técnica para criar xarope de milho rico em frutose, uma manipulação química altamente concentrada isolada e refinada de algo que cresce no milho, mas que não tem nada de natural do milho. Esse xarope é parecido com a sacarose do açúcar branco refinado, que vem da cana de açúcar ou da beterraba, é como se fosse um açúcar farmacêutico. Ainda existe simplesmente a frutose, um tipo de açúcar processado das frutas. 
Há pesquisas que indicam que o consumo de frutose por pessoa/dia nos anos 1900 era de 15 gramas, hoje o consumo médio é de 90 gramas, chegando a 150 gramas por algumas pessoas. O Brasil, um dos maiores produtores de açúcar do mundo. O brasileiro consome cerca de 200 gramas de açúcar/dia, são cerca de 6 quilos/mês ou 72 quilos/ano. Portanto, a cada 13 anos a pessoa consome 1 tonelada de açúcar. Um cidadão brasileiro de 40 anos já fez passar pelo seu organismo algo como 3 toneladas de açúcar.
Exagero será?
Nesse vídeo o chef Jamie Oliver mostra durante o TED 2010 a quantidade de açúcar que as crianças ingerem até os 5 anos somente no leite (é bizarro!):




O açúcar nada mais é que um carboidrato de elevado poder calórico e que libera glicose no sangue. Um alimento vazio de nutrientes, que podemos considerar como um não alimento. O corpo humano não precisa de açúcar refinado. Simplesmente. O que realmente necessitamos é de glicose, o tijolo básico dos carboidratos e que pode ser assimilada por outras fontes como mel, frutas, cereais naturais. Então minha gente, porque é que tem açúcar em tudo? O que todo esse consumo exagerado gera de problemas e de mortes não é brincadeira. Obesidade, Colesterol, Diabetes, Cáries, Intoxicação. 500 anos de utilização pra chegarmos em alguns resultados óbvios. Açúcar, cocaina e farinha branca tão no mesmo saco de consequencias metabólicas para nosso corpo.
É justamente desse pó branco que o desafio proposto aqui está pretendendo CORTAR. A proposta é ficar 30 dias sem ingerir açúcar. Precisamos aprender mais com nossos ancestrais. Eles eram muito sábios. A natureza nos fornece os alimentos como um conjunto complexo de nutrientes. O processamento deles gera o oposto. Afinal, tudo o que é demais, sobra e tudo que sobra é desnecessário.

Como vai funcionar o desafio?

Me meti nessa e agora não tem jeito. Começo hoje dia 05 de maio e vou até dia 05 de junho. Estarei literalmente e maravilhosamente UM MÊS SEM AÇÚCAR! O lance é que não é só o açúcar branco propriamente dito que tem que ser cortado. São todos os açucares farmacêuticos, até os adoçantes, porque a idéia é modificarmos nosso paladar durante esses 30 dias. Ou seja, temos que observar atentamente os rótulos do que compramos para ver se os mesmos contém:

  • xarope de milho rico em frutose (GMO)
  • frutose
  • sacarose
  • açúcar invertido
  • aspartame
  • sucralose
  • sacarina
  • acesulfame de potássio

Vai ser intenso. Cortei o açúcar branco já a mais de ano da minha dieta, mas ainda dou umas deslizadas num pedaço de bolo, num pãozinho, chocolates, essas coisas. Também não estou acostumada a ler os rótulos buscando esses itens em específico. Há outras pessoas que vão vir nessa junto comigo e espero conseguir relatos delas para postar para todos acompanharmos o desafio. Ah! E no dia 07 de junho proponho que todos que entraram nessa comigo comam um bombom, chocolate, bala, para sentir o impacto da mudança de paladar que obtivemos… Tem mais alguém afim de participar? \o/

O desafio consiste em:

  • Cortar o açúcar branco e farmacêuticos da dieta durante 30 dias
  • Usar a hashtag #1mêssemaçúcar ou #30diassemaçúcar
  • Não vale utilizar outros adoçantes como forma de compensar (adoçantes)
  • Ler os rótulos para verificar se não possuem algum dos itens citados acima
  • Compartilhar experiências e sensações durante o desafio
  • Chamar mais pessoas pra aderir também

Vamos nessa. To mega empolgada para essa aventura gastronômica maluca e que vai fazer super bem pra pele.




Beijos da Ju

0 comentários:

Postar um comentário